Captações Futebol Sporting
Com o objectivo de preparar a próxima época, o Sporting Clube de Portugal em
colaboração com a Bragafut Academia, vai realizar treinos de captação de futebol
para atletas de toda a zona Norte.
As sessões de observação serão para os escalões de Infantis (atletas nascidos
em 1996 e 1997), Escolas (atletas nascidos em 1998 e 1999) e Pré-Escolas (atletas
nascidos em 2000 e 2001).
A data para os treinos de captação será 9 de Março, no Campo do Triunfo em Ponte
de Lima.
Os interessados devem fazer a sua inscrição para o correio electrónico filipe@bragafut.com. Estoril Praia 1 - 2 Sporting Clube de Portugal (Iniciados A)
Altair Junior, Paulo Silva, Thomas Ravera, Ricardo Esgaio, Manuel Dias (Capitão) e João Gomes.
Tiago Bragança, Hugo Airosa (sub-Cap), Ruben Freitas, João Carlos e Afonso Figueiredo.
Escolas C no Torneio do Colégio São João de Brito Delegado Agenor Fernandes, Mister Gonçalo Dias, Massagista Fábio Sousa e Mister João Amado.
Afonso Nunes, João Marchão, Nuno Moreira, Fábio Ramalhoso, Simão Silva, André Figueira e Daniel Bragança.
Leandro Tipote, Diogo Grácio, Frederico Duarte, Ivan Cruz e Diogo Pinto.
Nome completo:
João Paulo Neto Martins.
Idade:
19 anos (30/06/1988).
Posição no terreno:
Médio centro.
Pé dominante:
Direito.
Altura e peso:
1,78 m e 72 Kgs.
És o irmão mais jovem do Carlos Martins, conta-nos um pouco como isso te possa ter favorecido ou condicionado na tua carreira até agora.
É uma pergunta um pouco complicada, mas eu não me sinto inferior a ninguém, sinto-me igual a toda a gente. Tenho a sorte de ter um irmão que é jogador de futebol, que já passou por tudo aquilo pelo qual eu estou a passar, ele essencialmente dá-me muitos conselhos, porque já é um jogador e uma pessoa mais experiente que eu. Tento sempre seguir os conselhos dele, tal como faço com os que outras pessoas mais experientes me dão, mas posso dizer que nunca me senti superior a ninguém pelo facto de ser irmão dele. Há quem possa pensar que pelo facto de ser irmão dele talvez daí possa ter alguma vantagem... mas nunca lidei com problemas dessa natureza.
O facto de seres irmão dele, atribui-te logo algum mediatismo, mesmo quando ainda eras muito jovem na formação do Sporting. Foi difícil conviver com isso, com essa maior exposição e talvez também algumas expectativas para que pudesses mostrar tanto futebol como o Carlos?
Não, para mim foi sempre fácil, eu sabia que algumas pessoas poderiam olhar para mim e ver-me como "o irmão mais novo do Carlos Martins", mas a minha evolução como atleta do Sporting foi um processo normal, tal como dos outros meus colegas, penso que nunca fui beneficiado, nem prejudicado por ser irmão dele.
O teu irmão joga a médio, tal como tu, que características pensas que vocês têm em comum?
Eu não gosto muito de falar sobre mim, prefiro que sejam os outros a descrever e a qualificar-me como jogador, mas penso que temos em comum o facto de ambos termos um bom remate de meia distância, ambos batermos muito bem os livres, e penso que no passe também temos algumas semelhanças.
E quais seriam as principais diferenças?
Ele é um jogador que joga mais à frente que eu, eu jogo mais atrás e gosto mais de construir jogo e fazer a equipa jogar, enquanto ele é mais um jogador que é rápido, que arrisca muitos passes e ajuda os pontas de lança a marcar golos. Ele é mais objectivo e tem sempre os olhos na baliza.
Era normal quando estavas na formação ele ajudar-te em certos aspectos do jogo?
É normal, eu lembro-me quando ele estava nos Juvenis e nos Juniores eu ia ver todos os jogos dele, olhava para ele, tentava seguir os passes que ele fazia dentro de campo, observava o seu posicionamento, visto que ele também já jogou a defesa central durante a formação, já jogou a médio centro mais recuado e dava-se bem, jogava bem também nessas posições e eu seguia atentamente aquilo que ele fazia.
Actualmente, que conselhos recebes dele?
Actualmente, eu estou agora inserido no futebol profissional, o "futebol mais a sério", esta transição de júnior para sénior é sempre muito complicada e ele já passou por isso e aconselha-me a ter paciência, a esperar pelos momentos certos e a trabalhar sempre mais, trabalhar mais que os outros à minha volta. Mesmo que não esteja a jogar, que devo trabalhar mais que os outros nos treinos, mostrar sempre serviço e acima de tudo a ter muita paciência, porque como ele me diz, não é por acaso que tenho ido a todas as Selecções Nacionais desde jovem, não é por acaso que fiz a minha formação no Sporting, e que se o fiz é porque tenho algo em mim que agradou aos treinadores e portanto o meu tempo vai chegar desde que seja paciente e me esforce muito.
A nível de selecções, diz-me qual foi até agora o momento mais marcante?
Penso que o momento mais especial foi a passagem para o campeonato da Europa que foi recentemente, foi nos Sub-19, a situação estava muito complicada, nós tínhamos uma grande equipa, tivemos que ser solidários uns com os outros porque o nosso grupo era muito complicado para passar. Mas com a nossa união, fomos capazes de construir um grupo espectacular, gerou-se um clima mesmo muito bom no seio do grupo, e passar para o campeonato da Europa foi a realização de um sonho para qualquer um de nós, porque lá estavam das melhores selecções do mundo, e o facto de termos chegado lá é indicativo que nesse momento nós éramos jogadores que estávamos a esse nível.
Entraste no Sporting com que idade?
Com 11 anos. Entrei nos Infantis A, só fiz meia época de Infantis e depois subi logo para os Iniciados.
Quais foram os clubes por onde passaste?
Passei pelo Tourizense e depois vim logo para o Sporting.
Foste campeão quantas vezes?
Fui campeão nacional 4 vezes e o resto fui sempre campeão distrital. Fui sempre campeão excepto na última época.
Foste campeão de juvenis com o Mister João Couto...
Exactamente, com o Mister João Couto fui campeão de Juvenis A em 2004/05.
Disseste que foste campeão nacional 4 vezes, portanto, uma foi como júnior, e as outras 3?
Uma foi como Iniciado (02/03), Juvenil foi duas vezes, quando era Juvenil B jogava nos A (03/04) e na outra foi quando já era Juvenil A (04/05) e a mais recente foi quando eu já era Júnior de 1º ano (05/06).
De todos esses títulos, qual foi aquele que te marcou mais?
Um dos títulos que me marcou mais, foi quando era júnior de 1º ano, esses também foram momentos muito complicados, porque as pessoas que estão por fora por vezes não compreendem isso, mas a transição de Juvenis para os Juniores é muito difícil porque já começamos a jogar com os mais velhos, porque neste escalão existem jogadores mais velhos mas só existe uma equipa. Ao inicio tive uma lesão no joelho o que me dificultou ainda mais a integração, passado algum tempo comecei a jogar e depois chegámos à fase final do campeonato com o Mister Luís Martins e no final teve um sabor especial porque tivemos um grande grupo, tínhamos os melhores jogadores, o Mister Luís Martins foi fantástico pelo modo como conseguiu lidar com todos os elementos do grupo porque quando estivemos na fase final, ora jogava um, ora jogava outro, mas dava sempre moral a todos os jogadores, e na minha opinião foi por causa disso que conseguimos ser campeões.
Presumo que a nível de formação essa terá sido a equipa ou grupo que te marcou mais?
Na formação, a equipa que me marcou mais foi a minha equipa, o Daniel Carriço, o Marco Lança, o João Gonçalves, o Tiago Pinto, o André Pires, etc., porque essa foi sempre a nossa equipa, eram colegas da minha idade, jogávamos sempre juntos desde os Infantis. Estivemos quase sempre juntos ao longo de todos estes anos, com a excepção de um ou outro que foi entrando, tal como foi o caso do Pereirinha que entrou nos Juvenis. Foram esses que me marcaram mais, porque jogámos sempre juntos, desde Pina Manique até aos Juniores, nós infelizmente não fomos campeões de juniores, mas de todos os títulos aquele que me deu mais orgulho foi aquele que conquistei quando era Juvenil de 1º ano, consegui jogar na equipa A, consegui fazer uma boa época apesar das lesões que tive no início da mesma.
Fala um pouco sobre quem foi o teu treinador nos Infantis. Foi o Paulo Cardoso?
Não, o meu primeiro Mister no Sporting foi o Nuno Naré, por essas mesmas razões, foi um treinador que também me marcou bastante, lembro-me que ele me ajudou muito, até porque eu vinha de uma cidade pequena, aquilo é mais uma vila...
Oliveira do Hospital...
"Gavinhos de Cima" é como se chama a minha terra (risos). Tive a sorte de quando cheguei cá a Lisboa, ter cá o meu irmão para me apoiar, mas o Mister Naré também me ajudou, porque eu fui viver para o centro de estágio, nessa altura era ele quem "mandava" lá no centro de estágio e estava encarregado de ficar de olho em todos nós. Foi uma pessoa que me ajudou na escola, mas também no plano profissional. Foi um treinador e foi um amigo. Guardo excelentes memórias do Mister Nuno Naré.
Nos Iniciados B, quem foi o teu treinador?
Nos Iniciados B foi o Mister Luís Dias. Ele foi um treinador que sempre puxou muito por mim, ajudava-me sempre a querer mais, a ir mais longe. Lembro-me que durante uma época inteira ele obrigou-me a utilizar só o meu pé esquerdo, ele não me deixava chutar com o direito. Foi um treinador que apoiava muito os jogadores, que nos apoiava sempre que a gente estava com a cabeça em baixo, que nos dava muito moral. Gostava muito dos seus métodos de trabalho, ele criava um grupo muito forte e unido.
Nos Iniciados A, com o Mister Luís Gonçalves dei continuidade um pouco ao trabalho que já vinha a desenvolver com o Mister Luís Dias. Penso que não mudou muita coisa, ele era também uma pessoa que ajudava a equipa, que queria o melhor para todos, que fazia muita rotatividade à equipa, fazia-nos crescer como jogadores. Quando te portavas mal, ele dava-te aqueles castigos, que eram merecidos...
Há quem diga que ainda hoje ele faz isso... (risos)
Nos Juvenis de 1º ano, voltei a encontrar o Mister Luís Dias, fomos campeões e lembro-me de um torneio que fiz quando fomos a França com ele e ganhámos o torneio. Lembro-me que ele andava sempre a incentivar-me para fazer tudo com o meu pé esquerdo e durante a final marquei um golo, ganhámos 1 a 0, era um torneio muito importante, o estádio estava cheio, e eu marquei esse golo com o meu pé esquerdo e de seguida fui a correr para ele e abracei-o para lhe agradecer por tudo o que tinha feito. Foram duas época de trabalho árduo com ele, e aquele golo com o meu pé "mais fraco", naquele jogo tão importante num estádio cheio de emigrantes portugueses que nos tinham vindo ver. Cada vez que me falam no Mister Luís Dias, lembro-me sempre desse torneio.
O Mister João Couto era uma pessoa muito amiga dos jogadores, brincava muito com a gente, criava um grupo fantástico nos treinos, havia sempre alegria. Tinha os seus métodos de treino que também eram bons, como é regra geral os métodos são sempre bons no Sporting, como as pessoas sabem, no Sporting a nossa formação é a melhor, têm métodos de treinos muito bons, têm campos muito bons, e nós conseguimos também ajudá-lo a ele, porque ele tinha vindo dos juniores e penso que nos últimos 4 anos não tinha conseguido conquistar títulos, penso eu. Nós conseguimos ajudá-lo e a nós próprios também, e lembro-me que na festa que fizemos quando fomos campeões, ficámos todos alegres e nós fomos todos festejar e foi sempre um amigo... um amigo muito bom.
O Mister Paulo Bento era alguém que tinha sido jogador recentemente e entendia-nos perfeitamente, sabia o que é que nós queríamos, o que é que nós gostávamos e sabia o que nós não gostávamos. Sabia quais eram os treinos que nós gostávamos e queríamos ter, tinha uns métodos de treino fantásticos. Não quero estar a tirar mérito aos outros treinadores, mas até agora foi o treinador cujos métodos de treino mais gostei. Infelizmente, trabalhei pouco tempo com ele, penso que foram cerca de 3 a 4 meses, e quando ele esteve lá infelizmente eu estive lesionado durante algum tempo. Mas quando eu era juvenil fui fazer a pré-época com os juniores quando já eram orientados por ele, lembro-me que fui para um torneio na Irlanda e recordo-me que ele ajudava-me, ele falava muito comigo até pelo facto de ele ter jogado na mesma posição que eu, dava-me muitas indicações em termos de posicionamento dentro de campo. Sabia como falar com os jogadores, é um grande treinador.
O Luís Martins foi uma pessoa que me marcou muito, porque eu adorava o modo como ele lidava connosco, ele sabia como levantar a moral dos jogadores antes dos jogos importantes e quando achava que precisava de falar com os jogadores à parte, falava com cada um, e criou um grande espírito de união dentro da equipa.
O Mister Lima chegou ao Sporting a meio da época, e foi alguém que ajudou bastante os jogadores, porque o Mister Lima é alguém que nunca está contente com aquilo que tem. A equipa pode estar a ganhar por 5 a 0 e ele não acha suficiente e quer que a gente ganhe por 10 a 0, se estivermos a ganhar por 10 a 0 ele quer 15. É uma pessoa que nos leva a olhar mais para o horizonte. Se durante um jogo a gente falhasse 10 passes ele no próximo jogo queria que a gente só falhasse 5... sempre a crescer, nunca estava satisfeito, queria sempre mais. Lembro-me de uma mensagem dele, antes do jogo contra o Boavista (2ª jornada da fase final 06/07), quando lá fomos, era importante ganhar, se isso acontece-se a gente ficava na frente da classificação e ele na palestra antes do jogo disse sempre que nós estávamos cansados, tínhamos tido o jogo contra o Benfica em casa recentemente, e a palavra de ordem era "superação". É uma palavra que sempre que eu estou em campo agora e quando me sinto mais cansado lembro-me sempre do discurso que ele fez e contou-nos na altura uma estória de pessoas que passaram dias sem comer e mesmo assim tiveram que ir buscar forças para triunfar, e eu quando estou dentro de campo e começo a ficar mais cansado lembro-me sempre do discurso do Mister Lima sobre superação, que temos que querer sempre mais, lutar sempre mais até não termos mais nada para dar.
Fala agora um pouco sobre o teu primeiro treinador no futebol sénior, o Álvaro Magalhães.
O Álvaro Magalhães recebeu-me bem, comecei a jogar, tanto eu como o Carriço fomos idênticos com a relação que tivemos com o Álvaro Magalhães. Comecei a jogar, depois de um momento para o outro começou a encostar-me, começou a apostar nos chamados "cobras" que são os jogadores mais velhos. Ele tem os seus métodos de treino... é um bocado diferente de todos os treinadores que tinha apanhado até agora, ele gosta mais de um futebol directo, não gosta muito de um futebol muito "construído", devido à minha formação, sempre estive habituado a um futebol mais construído, nada de "pontapé para a frente", nada disso. Ele é um treinador, que para a liga onde estávamos, se calhar também é preciso jogar um pouco nesse estilo, também terá as suas razões. Eu trabalhei pouco com ele, portanto não posso ter uma opinião muito detalhada sobre ele, trabalhei cerca de 4 meses com ele. Tínhamos uma relação normal, "treinador-jogador", e é só isso que eu tenho a dizer do Álvaro Magalhães.
Podes nos contar relativamente ao Carriço se os problemas que ele encontrou se foram idênticos aos teus? Dizia-se que ele não estava a jogar muito e quando o fazia era naquela posição onde não se sentia tão confortável.
O Carriço foi um pouco como eu, ambos chegámos lá e começámos a jogar e bem, e até inclusive marcávamos golos durante a pré-época. Chegámos lá já com a pré-época em andamento, mas entrámos bem na equipa, até conversávamos um com o outro a dizer que estávamos surpreendidos com a facilidade com que nos tínhamos integrado e como as coisas estavam a exceder as nossas expectativas, mas depois de um momento para o outro o treinador começou a apostar noutros, e o Carriço também começou a sentir algumas dificuldades porque o Mister o estava a colocar num lugar que não era o dele, e toda a gente sabe que ele é central puro. É aí que ele gosta de jogar, é aí que fez toda a sua formação. Eu próprio também não estava a jogar na minha posição, estava a jogar como 2º ponta-de-lança.
Eu na formação também cheguei a jogar nessa posição, mas foi durante um curto espaço de tempo e quando me pediu para jogar naquela posição estranhei um bocado porque estava sem rotina daquela posição, era preciso com tempo ir adequando, e ainda por cima como era um futebol um pouco directo, eu estava a tocar pouco na bola. O Carriço penso que lhe aconteceu algo do mesmo género e foi por essa razão que não conseguimos vingar lá, foi por estarmos a jogar fora das nossas posições e também porque não apostaram em nós, com razão ou sem razão, o tempo o dirá.
O Carriço estava a jogar como médio defensivo?
Sim, correcto, ele estava a jogar na posição 6.
Estás aqui em Moscavide há sensivelmente uma semana, mas podias nos dar já uma ideia do que tens achado, dos métodos de trabalho, dos teus colegas, etc?
Ainda é um pouco cedo para poder ter uma opinião bem definida, mas todos os meus colegas, tanto aqueles que eu conhecia, como os outros, receberam-me muito bem. Temos um óptimo balneário. É uma equipa que se ajuda muito dentro de campo, o treinador tem as suas ideias, tal como era no Sporting e era no Olhanense, mas como cheguei à pouco tempo, só posso dizer que está a ser uma experiência muito positiva e espero que venha a ser melhor ainda.
Eu estive a falar com o teu treinador e em principio parece que vais jogar na posição 6, portanto, como médio defensivo.
Sim, é isso que me disseram.
Quando vocês estiveram no Olhanense, houve uma entrevista com o Mister Álvaro Magalhães, na qual dizia que alguns jogadores não tinham o comportamento ideal. Esse comentário era para vocês?
Penso que não, lembro-me desse excerto de entrevista, mas não seria dirigido a nós, porque nessa altura nós estávamos de fora, nem estávamos a jogar, nós simplesmente íamos aos treinos e dávamos tudo. Ninguém nos pode apontar nada, nem falta de empenho, nem de profissionalismo, etc. Não nos podem acusar de qualquer espécie de vedetismo. Nós sempre nos demos bem com toda a gente, podem perguntar a qualquer um dos nossos colegas sobre qual era o nosso modo de estar dentro da cabine e no terreno. Não era por virmos do Sporting que achávamos que valíamos mais do que os outros, aliás, nós até trabalhávamos mais exactamente para que não nos pudessem apontar nada. Até porque tendo em conta que vínhamos do Sporting e com o rótulo da nossa formação, os adeptos poderiam ter maiores expectativas em relação a nós e por isso fizemos tudo para corresponder.
Depois de sair essa entrevista, o Mister reuniu todo o grupo para conversar, como fazia no princípio de todas as semanas e ele disse que não se queria dirigir a ninguém, que aquelas declarações não eram verdadeiras, e para não ligarmos ao que diziam os jornais, porque o que interessava era o que ele pensava e que o que tinha aparecido no jornal não era a sua opinião. Como na altura estávamos lá a tentar jogar, mas não estávamos a conseguir entrar na equipa, as pessoas presumiram que aquelas declarações eram dirigidas a nós.
Achas que o facto de essa tua experiência como sénior ter corrido como correu no Olhanense foi um "passo atrás"?
Não, de forma alguma, aprendi muito porque tive oportunidade de conviver muito com jogadores mais velhos que já jogaram em clubes de maior dimensão, já jogaram na 1ª liga, como é o caso do Marco Couto, como o Rui (Duarte), como o Guga, vários jogadores que já jogaram no Guimarães, no Boavista e outras equipas grandes. Podem ser jogadores que já se aproximam do final da sua carreira, mas têm muita experiência que podem transmitir aos mais novos.
Pensas que foi apenas pelo facto de jogarem um futebol mais directo que não conseguiste vingar em Olhão?
As pessoas dizem que a 2ª liga é muito diferente da 1ª liga, que é mais física, que é menos técnica, é um futebol muito agressivo, todas as equipas estão ao mesmo nível, não se nota uma grande diferença qualitativa de uma equipa para a outra e todos os jogos são renhidos, é um futebol mais directo, mais físico, mas não foi por isso que as coisas não correram bem. Eu penso que essencialmente faltaram-nos oportunidades para nós mostrarmos o nosso valor, bastava que tivessem acreditado em nós. A gente podia adaptar-se a qualquer sistema ou estilo de futebol, bastaria apenas uma oportunidade para nos adaptarmos a métodos diferentes e um futebol diferente, até porque o futebol muito directo como aquele que era praticado pelo Olhanense é mais fácil de praticar do que um futebol mais elaborado e apoiado como aquele a que fomos habituados.
Quais foram as posições em que jogaste ao longo da tua carreira?
Eu quando comecei a jogar futebol, nas escolinhas, era ponta de lança, depois quando vim para o Sporting, a partir daí comecei a jogar como médio centro. Os treinadores sempre me viram como um jogador que organiza e que faz a transição defesa-ataque. É aí que gosto mais de jogar, gosto de organizar.
Mas és mais um 6, 8 ou 10?
Depende da táctica utilizada. Eu com o Mister Luís Martins, quando era de 1º ano, ele colocava o Celestino e Zezinando a jogarem lado a lado e eu jogava à frente deles, a gente jogava com "2 + 1", mas tudo isto é muito relativo pois depende daquilo que pretende o treinador, mas eu sempre joguei na posição 6 e 8. Nunca fui um jogador de jogar como "10", a maior parte da minha formação no Sporting foi feita na posição 6, embora também tenha feito muitos jogos a "8".
Onde é que tu te sentes mais confortável?
Eu sinto-me confortável nas duas, tanto a 6 como a 8, para mim é igual. Na 6 procuro construir mais o jogo a partir de trás, a fazer mais a transição para o ataque, enquanto na "8" é mais uma função de dar continuidade ao jogo que já vem a ser construído atrás de mim, são funções semelhantes, simplesmente jogo um pouco mais à frente.
Uma coisa que eu reparei que tu tens em comum com o teu irmão é que ambos batem muito bem os livres, aliás lembro-me que tu o ano passado marcaste 2 golos de livre contra o Benfica na Academia, e lembro-me também de ler uma entrevista com o teu irmão na "FHM" ou "Maxmen" (risos) na qual ele disse que que quando era jovem costumava tirar o cal das paredes das casas em Oliveira do Hospital porque estava sempre a rematar contra as paredes. Isso foi algo que o teu irmão te ensinou, a forma de bater livres?
Sim, eu sempre marquei muitos golos de livre, todas as épocas marcava golos assim e era um aspecto que eu treinava muito, mas não penso que seja por causa dele bater bem os livres que eu consigo fazer o mesmo, até porque a forma é ligeiramente diferente, porque eu coloco mais a bola enquanto ele bate mais em força, embora eu às vezes também bata em força.
Quais são os teus grandes ídolos no futebol, quando eras mais novo e quais são hoje em dia?
Quando eu comecei, lembro-me na altura de um jogador em particular que era o Ronaldo, o "fenómeno" quando estava no Barcelona, pois era algo fora de série, eu olhava para ele que era ainda tão jovem e não compreendia como ele já era capaz de fazer certas coisas. O primeiro jogador que me chamou à atenção foi o Ronaldo, e depois dele veio o Zidane que é um jogador fora do normal, como ele trata a bola como ninguém. Também gostava do Romário, do Fernando Redondo. Hoje em dia vejo o meu irmão como um ídolo, agora que estou no futebol profissional, olho muito para ele. Falando de jogadores portugueses que jogam na minha posição, gosto muito do Maniche, do Miguel Veloso, este último, as coisas agora estão a correr-lhe um bocadinho menos bem, mas também está a jogar bem, não está tão mal como as pessoas andam a dizer.
Habituou-os mal...
Não, habituou-os bem, mas as pessoas têm que compreender que a um jogador as coisas nem sempre lhe correm como ele quer, mas eu vejo o Miguel Veloso como um ídolo, também pela forma como foi o trajecto dele. Também gosto do Cristiano Ronaldo, mas é escusado estar a mencionar, porque todos sabem o jogador que ele é. Falando de jogadores estrangeiros, gosto muito do Andrea Pirlo, que para mim, acho que é o melhor médio centro do mundo, mas também admiro o Gerrard e o Lampard que são os jogadores que tenho mais em conta.
E o Gattuso?
O Gattuso é um bom jogador, mas é um jogador mais agressivo e que não constrói muito, enquanto o Pirlo é um jogador muito forte tacticamente, que tem um passe fabuloso, que sabe construir jogo, é um jogador essencial para uma equipa e que marca muito bem os livres.
Saíste do Sporting e foste para o Olhanense, mas que outros clubes estavam interessados em ti?
Na altura em que eu estava a ir para a selecção, para o campeonato da Europa, eu não estava a pensar muito no empréstimo, ou qual seria o clube, pois estava mais concentrado na selecção. Na altura o Sporting falou comigo sobre o Roeselare da 1ª Liga Belga, disseram que eles me queriam emprestado pois já cá tinham vindo ver vários jogos meus. Antes de ir para a selecção tive uma reunião com o Sporting e falaram-me do Roeselare, o meu empresário na altura, o Carlos Gonçalves estava a tratar disso, ele sabia das minhas ideias, sabia que eu queria um clube para jogar como 1º ano de sénior. Procurou fazer o melhor para mim, falou-me de várias equipas.
Podes nos dizer quais eram?
Eu não queria estar a revelar quais eram, mas haviam várias, por exemplo da 1ª liga, mas eu não queria ir logo para a 1ª liga, porque devido aos sábios conselhos dos mais velhos, eles diziam-me que o mais importante era jogar. Se calhar se tivesse ido para a 1ª liga teria jogado mais, se calhar se tivesse ido para a 2ª liga teria jogado mais, isso é tudo muito relativo. Fui para o Olhanense, pensei que era a melhor coisa para mim para crescer. Cresci lá, mas não tive aquelas oportunidades que pensava que ia ter.
Quem é o teu empresário agora?
É o Paulo Barbosa, mas não quero falar muito sobre isso por respeito pelo meu antigo empresário.
Até quando é o teu contrato profissional com o Sporting?
Tenho vínculo com o clube até 2009, mas com opção de mais 2 anos.
Tu costumas falar com os teus ex-colegas?
Sim, tanto aqueles que me eram mais chegados, como com os outros, gosto sempre de saber como estão, em que clubes estão, se as coisas lhes estão a correr bem, etc. Felizmente a gente está sempre em contacto, quer via internet ou telemóvel.
Dizes que a tua equipa favorita era a tua, a tua geração, que manténs contactos, que se davam bem e eram muito unidos. Pensas que essa terá sido uma das principais razões pelas quais conquistaram tantos títulos, essa união e estabilidade de um grupo ao longo dos anos?
Sem dúvida, eu penso que nós conseguimos os 4 títulos nacionais porque tivemos uma equipa que desde sempre esteve junta à medida que íamos subindo os vários escalões. Sempre com os mesmos jogadores, sempre com a mesma base, a gente ia mudando de treinadores, mas a equipa permanecia a mesma porque os Mister não faziam grandes alterações pois sabiam que tinham já uma equipa bem construída. A base desta grande equipa que ganhou títulos dos Iniciados aos Juniores foi de facto essa estabilidade do grupo. Por exemplo, fomos campeões de juvenis com 2 empates e o resto foi tudo vitórias. Nos campeonatos distritais foi a mesma coisa, já nos conhecíamos uns aos outros e sabíamos onde colocar a bola, sabíamos como aquele jogador queria ser servido, como o tratar dentro de campo, e foi por isso que tivemos tanto sucesso com esta equipa de 88.
Em termos de atitude, de personalidade como te vês em comparação com o teu irmão que era um jogador com muita garra.
Um jogador tem que ter meio termo, é preciso serenidade, mas também garra. O meu irmão era realmente um jogador com muita garra, era um jogador que amava o Sporting, que deixava tudo dentro de campo, dava tudo o que tinha para dar. Lembro-me de situações na qual ele foi expulso porque tinha garra a mais, queria demasiado vencer, e as pessoas por vezes não compreendiam isso e poderiam pensar que era um jogador indisciplinado, ou que era mau temperamento, mas a ele amava muito o Sporting, que tinha muita vontade dentro de campo e tinha muito orgulho em estar lá para ajudar o Sporting.
Ele sempre fez tudo pelo Sporting, lembro-me numa altura em que ele era ainda muito jovem, na formação, e já tinha propostas para sair para outros clubes, mas ele em conjunto com as pessoas no Sporting que sempre o ajudaram, ele dizia sempre que queria ficar e recusava-se a ir para fora. Queria seguir o Sporting, era mesmo o clube de sonho dele e o qual ele amava mesmo. Se calhar se ele tivesse menos garra, talvez fosse criticado por isso, mas a meu ver é preciso ter o tal meio termo. É preciso ter calma quando a ocasião assim o requer, e é preciso ter garra nos momentos certos. Sou um jogador mais ponderado, estou a crescer também nesse aspecto, pois tive treinadores que me ajudaram nisso, se calhar o meu irmão não teve a sorte de ter essa ajuda, essa formação.
Relativamente a isso que disseste de o teu irmão ter tido chance de sair quando estava na formação, estás a falar nos Juniores, Juvenis?
Ele desde sempre quando ia para vários torneios, tanto pela selecção, como pelo Sporting sempre teve oportunidades para mostrar o seu valor e várias vezes era considerado o melhor jogador, esteve em grandes torneios como o de Toulon e nesses torneios estavam lá grandes equipas, um pouco como acontece hoje em dia com os jogadores da nossa formação que são desejados por outras grandes equipas, isso é normal, porque cá em Portugal temos uma grande formação. Já quando era Infantil, havia outras equipas que o queriam levar.
Podias nos dar uma ideia de que equipas eram essas?
Só posso dizer que eram grandes clubes do topo mundial, aqueles clubes que aparecem nos torneios, que andam à procura de vários talentos pelo mundo, que têm olheiros em toda a parte. Agora, não queria estar a mencionar nomes, porque já passou muito tempo, mas lembro-me que eram grandes clubes na altura, mas ele pelo grande amor que tinha pelo Sporting, sempre recusou sair.
"Grandes clubes na altura"? Não nos digas que era o Leeds United?
Não, não (risos).
Muito obrigado, João.
Texto: André Figueiredo e Carlos Martins.
Sport Lisboa e Benfica 2 - 1 Sporting Clube de Portugal (Iniciados B)
Diogo Leite, Tiago António, Tobias Figueiredo, Alexandre Guedes, Eric Dier (Capitão) e Adriano Cardoso.
Carlos Mané (sub-Cap), Filipe Macário, Iuri Medeiros, Tiago Morgado e Ruben Freitas.
Sporting Clube de Portugal 2 - 4 Sport Lisboa e Benfica (Escolas B)
Delegado Agenor, Mister Juan Andrade, Mister Pedro Antunes, Delegado António Nabais e Mister Vasco Noronha.
Joel Dias, Rafael Mamede, Francisco Castello Branco, João Marchão, Diogo Macedo e André Ramos.
Aldair Ferreira, Filipe Narciso, Diogo Fernandes, Francisco Brântuas, António Encarnação e Nuno Moreira.
Sporting Clube de Portugal 7 - 0 Louletano Desportos Clube
22ª jornada do Campeonato Nacional de Juniores (Sub-19).
Sábado, 16 de Fevereiro às 15:00. Academia do Sporting em Alcochete, Campo Nº1.
Associação Académica de Santarém 0 - 2 Sporting Clube de Portugal
21ª jornada do Campeonato Nacional de Juvenis (Sub-17/Juvenis A).
Domingo, 17 de Fevereiro às 11:00. Campo da Escola Superior Agrária.
Grupo Desportivo Estoril Praia 1 - 2 Sporting Clube de Portugal
20ª jornada do Campeonato Nacional de Iniciados (Sub-15/Iniciados A).
Domingo, 17 de Fevereiro às 11:00. Campo Nº2 do Complexo Desportivo do Estoril Praia
Atlético Clube Portugal 1 - 3 Sporting Clube de Portugal
17ª jornada do campeonato de Juvenis da 1º Divisão Honra (Sub-16/Juvenis B).
Domingo, 17 de Fevereiro às 10:30.
Estádio da Tapadinha, Campo Nº2.
Sporting Clube de Portugal 4 - 0 Atlético Clube Portugal
17ª jornada do campeonato Distrital de Iniciados da 1º Divisão Honra (Sub-14/Iniciados B).
Domingo, 17 de Fevereiro às 11:00.
Academia do Sporting em Alcochete, Campo Nº1.
Sporting Clube de Portugal 4 - 1 Sociedade Recreativa Catujalense
16ª jornada do campeonato Distrital de Iniciados da 1ª Divisão (Sub-14/Iniciados C).
Domingo, 17 de Fevereiro às 11:00.
Academia do Sporting em Alcochete, Campo Nº5.
Desportivo Domingos Savio 3 - 0 Sporting Clube de Portugal
15ª jornada do campeonato Distrital de Iniciados da 2ª Divisão (Sub-14/Iniciados D).
Domingo, 17 de Fevereiro às 10:30.
Complexo Desportivo Bairro Boavista.
Selecção Nacional Sub-21
Convocatória de 29 de Janeiro 2008.
Sporting Clube de Portugal (5):
Bruno Pereirinha, João Moutinho e Miguel Veloso (Sporting Clube de Portugal), Pedro Celestino (Estrela da Amadora) e Carlos Saleiro (Fátima).
Selecção Nacional Sub-20
Convocatória de 7 de Fevereiro 2008.
Sporting Clube de Portugal (5):
Daniel Carriço (AEL Limassol FC), João Martins, Tiago Pinto e João Gonçalves (Olivais e Moscavide), Fábio Paim (Trofense).
Selecção Nacional Sub-19
Convocatória de 8 de Fevereiro 2008.
Sporting Clube de Portugal (4):
Adrien Silva, André Santos, Diogo Rosado (Sub-18), Marco Matias.
Selecção Nacional Sub-18
Convocatória de 8 de Fevereiro 2008.
Sporting Clube de Portugal (3):
Diogo Viana, Diogo Amado, Pedro Mendes.
Selecção Nacional Sub-17
Convocatória de 23 de Janeiro 2008.
Sporting Clube de Portugal (6):
Alexander Zahavi, Cédric Soares, Januário Jesus, Luis Almeida, Nuno Reis e William Carvalho (Sub-16).
Selecção Nacional Sub-16
Convocatória de 25 de Janeiro 2008.
Sporting Clube de Portugal (4):
Afonso Taira, João Figueiredo, Miguel Serôdio, Rui Coentrão.
Selecção Distrital Sub-16
Convocatória de 7 de Novembro 2007 para Fase Final do Torneio Manuel Quaresma Inter-Associações.
Sporting Clube de Portugal (8):
Afonso Taira, André Oliveira, João Figueiredo, Mauro Antunes, Miguel Serôdio, Peter Caraballo, Rui Coentrão e Tiago Cerveira.
Selecção Nacional Sub-15
Convocatória de 13 de Dezembro 2007.
Sporting Clube de Portugal (6):
Alberto Coelho, Hugo Airosa, João Mário Eduardo, Mateus Fonseca, Ricardo Esgaio e Rodolfo Simões.
Selecção Distrital Sub-14
Convocatória de 30 de Janeiro 2008.
Sporting Clube de Portugal (8):
Alexandre Guedes, Diogo Leite, Filipe Chaby, Iuri Medeiros, João Silva, Nuno Malheiro, Rui Bento e Tobias Figueiredo.